“Do Carnaval à Páscoa”

Nos namoricos da altura não havia abusos. Era a namorada na cozinha e ao pé dela o pai e a mãe. Nos bailes os rapazes dançavam com as raparigas e com as namoradas e as namoradas com eles. Eu sabia dançar e gostava de dançar, mas nunca andei a dançar com maldade nos bailaricos.

Conheci a minha esposa aqui nos Pardieiros. Ela era minha vizinha. Durante o tempo em que namorei com ela estive em Lisboa. Nesse tempo nem telefone havia. Mantinha o namoro por cartas. Também só namorei dois meses e pouco. Foi do Carnaval à Páscoa. Durante esse tempo era eu que escrevia e lia as minhas cartas. E era também ela que escrevia e lia as cartas dela. Comecei a namorar tinha já uns 24 anos e casei-me com 25.