“Muito cântaro parti eu aqui pia baixo”

A aldeia antigamente não era nada do que é hoje. Hoje as ruas estão todas arranjadinhas. Antigamente era só penedas. Muito cântaro parti eu aqui “pia baixo”. Depois ainda levava porrada e não tinha culpa. Tombava os pés nas penedas com o calçado que a gente trazia, com as tamancas e com chinelos, a gente caía e o cântaro ficava-se ali. Eles em carreira chegavam longe.

Havia lavadouros mas nós íamos todas lavar lá em baixo à fonte. Tínhamos de lavar num bocadinho pequeno porque era muita gente e a poça estava sempre “atacada”. Toda a vida a conheci. Agora por cima é tapada, mas quando eu para lá ia nova, era destapada. A gente apanhava lá cada molha. Era a chover e a gente a lavar, com uma capucha ou uma saca pela cabeça. Molhava-se a gente toda no Inverno. Agora já pouca gente lava no tanque. Lavam é em casa que dá menos trabalho.