Da escola ao trabalho do campo

Eu sou filha única. Nasci em Lisboa e vim de lá para Pardieiros quando os meus avós morreram.

Quando andávamos na escola jogávamos ao pilogalo que era a correr uns atrás dos outros. Jogávamos também ao lenço, onde andávamos de volta e a jogar: “aqui vai o lenço, aqui fica o lenço”. Cantávamos e dançámos, as raparigas e os rapazes tudo numa roda. Eram assim as brincadeiras daquele tempo. Agora já há mais divertimentos e tudo, mas antigamente não. Era o que a gente podia e sabia.

Quando andava na escola ajudava os meus pais. Tínhamos que trabalhar também. A gente quando saíamos da escola tínhamos que ir ter com as nossas mães, onde elas andavam, para trabalhar. Às vezes a guardar o gado, deitávamo-los um bocadinho à tarde. Outras vezes era ceifar erva, ir buscar uma mão cheiinha de mato para os animais e assim. A gente começáramos pequeninas na lavoura a trabalhar. Havia sempre trabalho.