O milho nos estendais

A sementeira do milho faz-se de muitas maneiras. Aqui a terra era toda cavada com ancinhos. Trazíamos aos sete e aos oito homens a cavar um dia inteiro e eram muitos dias que a gente trazia a cavar as terras. Trazíamos mulheres a atupir a terra, semeávamos o milho, o feijão e botelhas, para os porcos comerem. Na mesma terra semeávamos aquilo tudo. Depois vinha o milho que a gente tinha que sachar com sacholas próprias, andar em volta do milho a tirar as ervas e tínhamos que regar. Depois era apanhar. Dava muito trabalho. Tinha-se que depenar para os animais, tirar-lhe a bandeira e pôr-se a secar. A gente tirava-lhe os folhos, trazíamo-lo para casa para o malhar. Malhávamo-lo nas casas que chamava a gente as casas dos estendais. Nas eiras “pia baixo”. Ainda há lá muitas. Essas casas são de uns poucos de donos, mas já não são precisas para isso. A gente ajudávamos à noite. Era uma alegria. Malhava-se o milho e depois ia-se tira-lo dos casulos. Atirava-se umas “casuladas” uns aos outros. Andávamos de casa para casa. Aquela que acabava primeiro íamos para a outra. Depois noutra ainda estavam a descasular e íamos para lá. Andávamos ali uma data de horas naquilo até às 11 horas e tal da noite. Nesse tempo é que havia anedotas bonitas que contavam. Depois trazíamos milho nas eiras em mantas estendido a secar. Secava-se aquele milho, levava-se para casa e depois para os moinhos para se moer a farinha. O trabalhão que aquilo que dava. Depois quando vinha a farinha, a amassá-la com a pragana que tínhamos que era centeio, centianinho e trigo o que calhava. Aquecíamos os fornos onde se cozia o pão e a gente fazia-o. Era muito bom! Agora é bom, mas naquele tempo era bem melhor. Sustentava mais e fazia melhor. Agora já não há nada disso.