A magia do cardo

Para o queijo, punha-se o leite para uma panela e coava-se. Tinha de ser bem coado, para não passar nada. Aquecia-se, dava-se um calorzinho no leite. Havia quem lhe pusesse coalho que era o estômago dos cabritos. Eu nunca quis isso. Eu era cardo, mesmo dos cardeiros. Eram umas plantas que dão umas cabeças. Aparecem quando é pelo Santo António. A gente secava-o e depois punha-se um bocadinho na água. Punha-se-lhe aquela água no leite e o leite coalhava. Depois deixava-se estar a coalhar e fazia-se o queijo. Tenho o acincho conforme o queijo. O leite ia para o acincho e fazia-se um queijinho muito bom. Era um rico queijo de leite de cabra e de ovelha. Aquilo era uma especialidade. Tive muito aqui nesta casa, agora já não há nada.