O correio ia a pé

A distribuição do correio como eu me lembro era feita por uma rapariga que andava do Monte Frio e que ia fazer o correio a pé. Ia-o buscar à Benfeita e depois distribuía pelas terras. Era no Sardal, no Enxudro, no Monte Frio e na Relva Velha naquele tempo. Andava todo o dia, coitada, a distribuir o correio a pé. Depois começou a vir um homem. Era o tio Alberto “Carteiro”. Quando começou foi a cavalo pelas terras e agora mais tarde, quando começou a haver as estradas, já era de mota.

Antigamente havia cá duas mercearias. Uma era do ferreiro que também tinha uma mercearia e outra, que eu conheci, era do Aristides. Agora estamos piores que nem cá temos comércio nenhum. Está lá adiante a Casa do Povo, mas não é comércio para se comprar o que é preciso para se ter em casa: massa, arroz, açúcar e assim. Umas vezes mandamos vir por uma rapariga que anda cá no centro. A gente diz-lhe e ela traz o que a gente quer.