Palmira Rodrigues e Adelino Antunes Duarte

A minha mãe chama-se Palmira Rodrigues e o meu pai é Adelino Antunes Duarte. Os meus pais devem ter nascido cá nos Pardieiros. De sete irmãos o meu pai era o mais novo. Ele foi muito novo para Lisboa. Era vendedor ambulante. Foi sempre vendedor. A minha mãe essa é que trabalhava cá no campo. Quando se casaram, ela foi estar também em Lisboa, mas não fazia nada, só a vida de casa. Ela não se dava lá em Lisboa, queria estar cá. O meu pai ficou lá e eu vim com a minha mãe, mas ele vinha quase todos os meses à minha beira.

A casinha onde vivia com os meus pais é a casa do meu filho, para onde vou de vez em quando. O tamanho era quase a mesma coisa, só era um bocadinho mais baixa. O meu filho subiu-a mais um bocado. Tinha dois quartos, o meu e o dos meus pais e tinha uma sala. Tinha uma cozinha, no mesmo sítio onde tem agora. Já era uma casinha jeitosa na altura.

Os meus pais tinham gado. Tínhamos uma cabra, três ou quatro cabeças de gado, ovelhas e um porco. Era só para comer. Fazíamos queijo, mas era só para casa, não fazíamos nada para fora.

Na agricultura cultivava-se milho, batata, feijão e o que era preciso para comermos em casa. A gente aqui não vendia nada.

Os meus avós também eram de cá. Eu não os conheci. Do que ouvia dizer o meu avô Alexandrino ainda foi muita vez a Lisboa vender morangos e andava para lá no tempo das frutas. A minha avó era cá da terra, trabalhava no campo. As mulheres eram de cá sempre, nunca de cá saíram, só quando morreram, coitadinhas. O meu avô do lado do meu pai, trabalhava nas penedas a fazer as pedras para as casas e para o que calhava.