“Toda a gente ia para a Mata”

Eu ouvi dizer que em tempos chamavam aqui a Aldeia de São Nicolau, mas eu sempre conheci isto como Pardieiros. Dizem que o nome significa casas velhas.

Antigamente os campos à volta de Pardieiros estavam mais arranjadinhos, agora estão cheios de mato. Eu gostava de cá vir daqui a 50 anos ver isto, já aqui não haverá nada. Ninguém aqui virá a esta povoação de certeza. Antigamente as pessoas trabalhavam no campo e mantinham isto arranjadinho. As pessoas semeavam nestas terras, mesmo batatas. As terras melhores à beira das ribeiras onde tinham as águas eram aproveitadas para terem o milho. Nas terras mais secas semeavam centianinho, trigo e era onde faziam depois as malhas do centeio. O centianinho é um grão como o trigo que era levado para moer no moinho e servia para o fermento para cozerem o pão.

Antigamente toda a gente ia para a Mata. Ainda me lembra de uns bocados cultivados lá, mas era já pouco. Agora, já só lá trabalham duas pessoas daqui, ninguém quis continuar lá. A Mata agora também não dá para cultivar porque aquilo está tudo cheio de árvores.

Temos aí uns quantos moinhos, mesmo na beira da ribeira, ao fundo da povoação. Na Fraga da Pena também havia uns três ou quatro. Desde o fundo da povoação até à Mata da Margaraça havia para aí uns dez. Agora está lá um que acho que ainda funciona.