“Era bom, mas bom”

Os pratos típicos daqui são o arroz-doce, a tigelada, os coscoréis e fazem, às vezes, tapioca, que é como o arroz-doce. O que é que a tapioca deixa-se de um dia para o outro na água. Só com um bocadinho de água. Depois é feita com leite, como o arroz-doce. A tigelada é ovos, açúcar e umas pedrinhas de sal e leite. Fazem chanfana, uns chamam chanfana quando já é rija mas a gente agora usa mais cabrito. Aqui na terra, nas outras terras não sei. Era na lenha que se faziam estas coisas. Agora ainda se faz a lenha, que a gente tem um fogão dos antigos e é aí que a gente faz tudo. É mais jeitoso que no fogão de gás. A gente, noutros tempos, ia para os fornos com as lenhas, íamos aquecer o forno e depois é que fazíamos tudo. E quando era noutros tempos, os casamentos era tudo assim nos fornos. Faz-se assim pela festa, quando é pelo Natal ou pela Passagem do Ano. Mas muita gente até faz durante o ano estas coisas que querem comer. A minha mãe fazia muitas vezes arroz-doce para a gente comer e a tigelada. Também faziam sopas de leite. A sopa de leite é pão. É como fazer a açorda, o que é que leva o leite. Era bom, mas bom. Era pelo Entrudo, pelo Carnaval. Diz que era as sopas de leite do Carnaval. Ainda hoje fazemos. É sempre o doce de Carnaval. No Natal são os sonhos. Outros fazem filhoses de batata, outros fazem filhoses de abóbora. É conforme as pessoas queiram. Havia também castanhas. Havia tudo. Noutros tempos havia muita castanha, havia muita uva. Agora não há nada. Vai-se perdendo tudo e as pessoas vão morrendo e vai tudo atrás dos donos.