“Em três meses pôs-me a fazer uma carta”

Eu não andei na escola mas aprendi qualquer coisa. Pouco, mas aprendi. Foi uma rapariga que é da minha idade que me ensinou. Ela andava na escola, na Benfeita, e eu comecei a ir para lá à noite aos bocaditos. Já eu era rapariga namoradeira, era crescida, tinha os meus 16 anos. Ela começou-me a ensinar e em três meses pôs-me a fazer uma carta. Ainda escrevi algumas cartas para o meu irmão, depois para o meu marido quando ele ia para Lisboa, e para a minha nora Hermínia. Agora é que a gente telefona, não tem necessidade de andar a gastar papel nem de escrever.