“Está tudo acabado”

Tenho uma história de um, muito engraçada. Eu gostava de um rapaz e ele então gostava muito de mim, que eu naquele tempo era cá uma moça!

A minha mãe tinha as ovelhas por baixo de casa. Todos os dias eu vinha trazer o comer e ele morava atrás dessas casas.

A mãe queria que ele casasse com uma rica. A minha mãe tinha oito filhos! Claro, era pobre, e a dividir um dia por todos. Tinha uns bocadinhos, umas oliveiras e assim. De maneira que um dia a mãe estava a ralhar com ele lá em casa e a sogra da minha irmã ouviu e veio-me contar. E disse:

- “Olha que ela estava a ralhar, a dizer que ele queria casar com uma rapariga pobre.”

Quando ele chegou ao pé de mim, eu disse-lhe:

- Olha, a tua mãe ontem ralhou contigo. Está tudo acabado!

Eu vinha com um molho de milho para as ovelhas e ele estava aqui já à minha espera. Passei e ele disse:

- “Então, não páras?”

Digo-lhe assim:

- Não! Acabou! A tua mãe ontem ralhou contigo e então acabou!

No domingo, andava eu a dançar com uma rapariga e ele veio com um primo dele apartar. Vinha para se agarrar a mim e eu encostei-me à parede da capela e não quis dançar com ele.

- “Olha, já que não queres dançar comigo, vai dançar a pau com os cães!”

Disse ele. E eu disse:

- Está bem! Vou dançar a pau com os cães, mas contigo não!

Daí a 15 dias, tornou a vir apartar. Agarrei-me a ele, levei-o para a roda a rodar e depois larguei-o e disse:

- Cá ando eu a dançar a pau com os cães! Aí acabou tudo!