“Era um dia de festa!”

Eu criei porcos que pesavam 200 e tal quilos. Comiam couves cozidas, nabos, batatas. Dávamos milho cru para eles comerem à tarde e abóboras.

A matança era em Janeiro. Era uma dia de festa!

De manhã, os homens matavam o porco, chamuscavam-no e limpavam. Depois penduravam-no, abriam-no e tiravam-lhe tudo de dentro. Depois almoçava-se. Grelhavam febras e aquilo tudo. As mulheres iam para a ribeira, lá para baixo, lavar as tripas do porco. Depois trazíamo- las, fazíamos-lhe vinha de alhos. E estavam ali três dias.

À noite migávamos a carne. Ficava a carne temperada naquelas gamelas grandes. Depois estavam as tripas lavadinhas e a cheirarem bem, do alho e daquilo, e enchíamos as chouriças. Depois punha-se no caniço a secar oito dias. Conforme o lume, o calor que lhe faziam

Fazíamos chouriças de carne, de farinha, de polme e de sangue. De polme era a carne migada muito miudinha, gorduras e farinha.

Aqui punham as carnes nas tinas, chamavam-lhes as tinas. Salgavam-nas e punham-nas lá. Na terra do meu marido não. Estendíamo-las assim em cima de coisas de madeira e salpicavam-nas de sal e estava ali assim. Depois pendurávamo-la. Os presuntos perduravam-se na cozinha ao fumo ali um tempo.