Festa nos Pardieiros

A festa nos Pardieiros é no último domingo de Junho, em honra de São Nicolau e da Senhora da Saúde.

Antigamente haviam muitos foguetes, muitos foguetes. Daqueles de lágrimas, que deitam aquelas lágrimas. Era muito bonito!

Nessa altura comia-se arroz-doce, tigelada, coscoréis, pães-de-ló, carnes, fressuras, aquelas comidas todas.

As fressuras era arroz com o sangue dos animais. Faziam aquele arroz de fressura. Eu hoje já não como aquele arroz, porque dizem que é pecado a gente comer o sangue dos animais. É muito bom, mas já não como. E o chouriço preto também gosto muito, mas também não como porque também tem sangue e também já vi na Bíblia que é pecado. Também não como.

Para a tigelada batem-se os ovos. As claras a um lado e as gemas ao outro. Depois juntam-se e põe-se-lhe açúcar. Junta-se tudo num tacho e vai para o forno a cozer, num tacho de barro.

Para os coscoréis amassa-se a farinha de trigo bem amassada até ficar a mão limpa. Põe-se-lhe o fermento. Depois fica a levedar. Quando a massa está já crescida grande, frita-se. A gente tira um bocado de massa e estende, estende, estende... Depois de estar estendida, põe na frigideira.

Fazíamos a carne das ovelhas, dos cabritos, assada no forno de cozer o pão.

Havia a procissão. Cá têm muitos andores. Temos os andores: da Senhora da Saúde, de São Nicolau, de Nossa Senhora da Boa Viagem, de São Benedito e de Nossa Senhora de Fátima. Temos muitos!

As mulheres é que os enfeitam. Guardemos os enfeites de uns anos para os outros. E as flores compram-se.

Os andores são levados pelos rapazes e pelas raparigas. Temos uma Irmandade. Os cabeções são verdes e a bata é branca.

É muito linda a procissão! Temos umas varas que parecem de ouro. São umas varas grandes que os homens levam. E bandeiras.

Havia bailes em todas as aldeias. As raparigas e os rapazes iam de umas aldeias para as outras quando era na festa. Agora já nem há bailaricos. Agora as raparigas vão com os rapazes para aqui e para ali brincarem e tudo. A gente, naquele tempo, era tudo no largo. Aquilo era cheio de gente! Dançavam velhos e novos. Já a procissão tinha acabado.

No dia da festa cada um vestia aquilo que tinha, mas era sempre a roupa melhor. Íamos todas preparadas!