“Era sagrado!”

No Natal, faziam sempre uma fogueira na praça. Agora, têm feito no largo. Vão buscar troncos de árvores e ali as queimam. Põem um bocado de cavacos, desses cavacos que, antigamente, eram dos colhereiros para incendiar o lume para começar. Cada um ia buscar uma chouriça - ou duas ou três - a casa, porque eles matavam os porcos em Dezembro. Estavam aí fresquinhas, que era uma maravilha. Depois iam para as tabernas fazer um petisco e bebiam uns copos. Copos de vinho, nessa altura. Pouca cerveja se vendia. Quando abriram a Casa da Comissão em 1983, chegaram a vender um garrafão de vinho por dia. Um garrafão de vinho de 5 litros em copos dá muito copo! E eles esgotavam aqui! Não havia cá muita gente, mas chegavam a vender um garrafão de vinho. A gente da terra era assim. Íamos três ou quatro:

- “Olha, vamos beber um copo.”

Era sagrado! Enquanto não pagavam todos, não se ia embora nenhum! Eu pagava, mas depois estava à espera que o outro pagasse. E então depois de pagarem todos, é que se iam embora. E assim chegava-se a vender um garrafão de vinho. Hoje se se vendem aí dois copos de vinho por dia é o máximo. Se calhar, nem isso. Agora é tudo cerveja. Vinho já se não vende.