“Uma máquina estúpida”

Nunca aqui vieram vendedores. Para vender roupas e assim, nunca cá veio ninguém. Às vezes, vinha aí um retratista. Era caro. Trazia daquelas máquinas com um carapuço e uma saca. Eles punham a cabeça lá dentro e tiravam o retrato com aquilo. Era uma máquina estúpida. Agora, vêm aí todas as semanas uns homenzinhos vender fruta. À terça vem um de Penacova e outro de Arganil. À sexta só vem o de Arganil. Compramos-lhe sempre todas as vezes. Agora o dinheirito já vai chegando, porque, se não houvesse, não comprávamos.