De dia procissão, à noite arraial

Fiz a doutrina no padre da Benfeita. Ele era até da Dreia. Era o padre Correia. Para festas havia quase sempre dinheiro. E agora reclamam que o dinheiro é pouco, porque aumentaram. O padre vinha cá e fazia isto tudo. Nesse tempo ainda era barato. O tempo era outro, era mais barato. A música também era mais barata e vinha de vésperas. A Irmandade fazia uma procissão. Levavam-na à Senhora das Necessidades, aquele santuário adiante. Depois os donos daquilo morreram e estava-se a ver que aqui não tinham posses para aguentar e entregaram então à Benfeita, à freguesia. E eles é que tomaram conta daquilo. Fazíamos uma procissão, fazia-se um arraial, de véspera para o dia da festa. Vinha a música à noite, à tardinha, trazia-se os andores da Senhora das Necessidades para cá para a procissão. Vinha a música, vinha a Irmandade formada, vinha tudo para cá. Chegava cá, estava na capela. À noite era o arraial.