“Agora é para a França”

Depois, um dia, estava no banco em Arganil, no Banco Pinto & Sotto Mayor. Estava lá um:

- “Eu precisava de levar um português ou dois, que soubesse assentar tijolo.”

Esperei-o cá fora e falei-lhe. Diz ele:

- “Para Belfort.”

- Então quanto é que paga?

- “Tanto.”

- Vou pensar.

- “Olhe, que eu vou só daqui a quatro ou cinco dias.”

Disse para o meu falecido pai:

- Fui para a Alemanha, agora é para França.

Mas eu na Alemanha, ainda aprendi a contar até dez e na França não aprendi nada, porque trabalhava ao pé de portugueses. Fui para o departamento 90, já no norte. Andei lá dois anos e tal, três anos. Depois, não foi que o homem despedisse a gente, começou-lhe lá a aparecer um problema na língua. Até lhe cortaram metade. Ele pagou-nos tudo e disse:

- “Tendes que ir embora que isto é a doença da moda.”

Depois, morreu. Era um cancro que tinha na língua.