“A missa é o ponto de encontro”

Frequentei a catequese e fui catequista. Levei miúdos, que hoje já não estão no Piódão, a fazer a Primeira Comunhão e a Profissão de Fé. Quando acabei a minha catequese, propuseram-me logo para catequista e fui. Quando eu era criança, a catequista era uma senhora que já faleceu, chamada Dália Pacheco, foi sempre ela a minha catequista.

Íamos à missa todos os domingos, toda a gente fazia questão de se arranjar bem, pois durante a semana, a trabalhar no campo, usavam roupas inferiores. No campo estraga-se e suja-se logo tudo, a missa, no fundo, é o ponto de encontro e aí as pessoas gostam de ir arranjadas.

Lembro-me de alguns parcos que passaram pela aldeia: o Padre Manuel, esteve cá com os pais, depois foi embora. Baptizou o meu irmão mais novo, o Carlos. Foi uma pessoa importante aqui para o Piódão. Os pais dele ajudavam muito as pessoas mais necessitadas, e, ele também, pois a casa era a mesma. Havia famílias que tinham mais dificuldades. As terras produziam pouco e os empregos, onde se ganhasse alguma coisa, também eram muito escassos. Em algumas aldeias do Piódão havia pessoas - como ainda hoje há - que tinham mesmo necessidades de alimentação. Diziam que a mãe dele, que se chamava Prazeres, matava a fome a essas pessoas. Cultivavam terras aqui perto e davam algum dinheiro a ganhar às pessoas. Chamavam para ajudar no cultivo do campo.

A vinda do telefone para o Piódão também está ligada ao Padre Manuel, foi ele que o trouxe para esta aldeia. Tanto, que, no início, só ele tinha telefone. As pessoas, quando tinham algum problema, iam a casa dele fazer e receber chamadas.