“Na Páscoa, gosto muito de vir cá”

Há outra ocasião, que também é muito importante, e que ainda mantêm a tradição. É a Páscoa. Adoro vir cá na Páscoa, sempre que posso, venho. Anda-se de casa em casa com a Cruz a dar as boas-festas, a anunciar que Jesus ressuscitou. Os miúdos à frente com as campainhas a tocar, a anunciar que Jesus ressuscitou e está a chegar, os homens com as opas vermelhas e os sinos a tocar.

Já quiseram, por várias vezes acabar com esta tradição, mas, o povo não deixou, é uma tradição, deve manter-se.

Quando os padres cá residiam, havia na quinta-feira santa, a missa do lava-pés à meia-noite. Já não me lembro muito bem dessa cerimónia, mas recordo que estavam a meio da igreja uns quantos homens de um lado e do outro. Vinha o padre com uma bacia, normalmente de esmalte, e trazia toalhas de rosto. A cada pessoa a quem ele lavava os pés, oferecia uma toalha. É uma tradição que já não se mantém, desde que deixámos de ter aqui o pároco a residir. O padre do Piódão é de cá, nasceu e foi criado no Piódão. Reside na Moura da Serra, porque além do Piódão, tem a Moura da Serra e também o Porto da Balsa. E ali fica mais no centro para fazer os serviços das três freguesias.

Outra data importante é o Domingo de Ramos, quando estava cá a nossa preocupação era ver quem levava o ramo mais bonito. Normalmente era composto por: alecrim, murta e louro. A preocupação dos rapazes era ver quem levava o ramo maior. Além disso, há uma missa e uma procissão de ramos. Os ramos são benzidos, e, é com esse louro bento que depois se põe, no dia 3 de Maio, dia de Santa Cruz, as cruzinhas nas portas, para afugentar as trovoadas. Cada ano se põe sua e depois vão ficando até cair, nunca se tiram.