“O típico está-se a perder”

O típico está um pouco a perder. O pão deixou de se cozer, porque as pessoas são idosas, com problemas de saúde, e, não querem estar com muito trabalho. Os enchidos daqui, que tinham muita fama, também já não se fazem, quase ninguém mata porco. Quando alguém pensa em fazer enchidos, normalmente compra as carnes, logo a qualidade não é a mesma. Os porcos eram criados com frutas, com as nossas hortas, com o nosso milho.

A aguardente de medronho e de mel deixou de se fazer. Os medronhos apanhavam-se em Outubro e Novembro. Ficava durante três meses, mais ou menos, a fermentar. Depois ia ao alambique a destilar. Estes últimos fogos têm destruído os medronheiros, se bem que, se não tivessem ardido a população idosa que aqui reside também não os ia apanhar. Um contra destas árvores é que demoram anos a crescer e não dão logo fruto. As colmeias arderam e as pessoas residentes como já não são muito jovens não quiseram saber mais de arranjar abelhas. Então, não há abelhas não há mel, logo não há aguardente de mel.

O azeite está-se a perder, as oliveiras arderam quase todas. Quem ainda tem alguma azeitona se pode apanhá-la tudo bem, se não pode não a apanha. Aqueles que a apanham vão fazer o azeite fora num lagar eléctrico, que não tem a qualidade que tinha quando era feito no nosso lagar de vara.