“Era assim que a gente fazia por o Entrudo”

Pelo Carnaval, a gente guardava um chouriço. Os demais, não sei como é que era, mas a minha mãe guardava o chouriço maior que tivesse. Chouriço ou um bocado de carne. Depois, cozia-o no dia de Entrudo. Nós, à tarde, íamos deitar o gado. Quando vínhamos, ela tinha o chouriço cozido com grão. Era assim a festa que a gente fazia por o Entrudo.

Era muito diferente de agora. Havia as 40 horas na igreja. Dividiam a povoação em grupos e estava o Senhor exposto no altar. Nós tínhamos que ter aquela hora de adoração. Uma parte do povo ia a estas tantas horas. Acabava-se aquela hora, ia outro grupozinho e assim sucessivamente todo o dia, até fazer 40 horas. Não havia bailes, não havia nada. Os padres não deixavam dançar. Só queriam que a gente fosse para a igreja. Nem podíamos trazer mangas curtas, nem saias curtas, nem decotes. Aquilo era uma tentação, para os padres.