Sem água, nem luz, nem telefone

Antigamente não havia água nas casas. A gente ia buscá-la aos chafarizes públicos, com uns cântaros e umas bilhas. Julgo eu que o lavadouro que cá houve sempre foi aquele que existe hoje. Primeiro, ia lavar ao rio, a gente fazia uns poços nos barrocos. Estava sempre a água a correr e a gente lavava lá.

A iluminação era com candeeiros a petróleo. A gente ia às mercearias comprá-lo. As mercearias vendiam e a gente comprava. Pela rua, a gente tinha de andar com umas lanternas. Para nos aquecermos, era nas lareiras. Todas as casas tinham lareira. Acendia-se o lume e a gente aquecia-se assim. Enquanto estava a aquecer, às vezes, estava a fazer a vida de casa. Íamos buscar lenha aos montes, às costas. A luz só veio em 1978 ou 1979. Sempre já se via melhor que com os candeeiros a petróleo.

No meu tempo, já havia telefone. Quando veio a luz, ainda havia só o telefone público. Depois começaram a pôr os telefones aí nas casas. Primeiro, era numa mercearia que havia ao lado da minha casa e depois já era no estabelecimento, que agora é do meu pai. Nesse tempo ainda não era dele, era de um primo meu.