“Nem sempre aquilo que a gente faz é o que está estipulado”

Hoje sou sapador florestal. Eu não escolhi este trabalho. É o que uma pessoa realmente vê que é melhor. O estatuto que o sapador florestal tem é uma coisa que não está talvez bem enraizada. Embora já exista fundamentos, os sapadores ainda não têm aquela força própria deles. Nós somos formados no essencial: combater os incêndios. E prevenção dos incêndios também, ou seja, fazer faixas com contenção. Criou-se cá já 300 equipas e todos os anos a gente faz isso para o Estado, num espaço de tempo de 20 dias ou assim. Mesmo aquele que não tirou o curso ali vê o que é praticamente essa instituição. Eu ando com uma equipa e a gente anda a mondar, a destruir mato e na prevenção e combate dos incêndios. Nós aqui fazemos um bocado de tudo. Temos que nos habilitar. Por exemplo, se for preciso fazer umas paredes, fazemos paredes. Por acaso, tínhamos uma equipa em que cinco fazíamos parede, pedra e muros. Aqui no Piódão não, mas na Malhada Chã e em baixo na Costeira fizemos muros largos.

A base de existir a equipa do sapador é também silvo pastoral, que é a plantação de áreas. Só que o Estado não manda pôr, as pessoas também não mandam, porque não têm dinheiro, e isso assim é complicado. Depois, claro, cada equipa faz aquilo que a entidade, a Junta ou seja o que for, precisa. Por exemplo, há outras que trabalham propriamente para Câmaras em limpezas de bermas, faixas e essas coisas todas. Em Oliveira existe uma corporação dessas, mas tem uns sete, oito carros. Porque abrange uma zona onde ainda há grandes pomares, vinhas e uma área de pinhal controlado.

Portanto, os sapadores existem praticamente para isso. Só que nem sempre aquilo que a gente faz é o que está estipulado. Cada qual tem que se adaptar ao que há.