Razões para continuar a migrar e não voltar

Quando realmente se foram embora os últimos, em 1987, havia na aldeia, entre raparigas e rapazes, uns 20. Os rapazes trabalhavam nas obras e as raparigas, tinham para aí 17 anos, ainda estavam em casa dos pais. Começaram a atingir a maioridade e saturados, porque todos tinham uma televisão em casa e eles não tinham, também foram. Agora há trabalhos na pousada, há trabalhos aí na igreja, há trabalhos em todo o lado para os de fora. Porque os de cá não estão cá e mesmo que algum venha (que eu duvido muito que alguém venha, porque vem um por outro de vez em quando, mas depois vai), nunca houve da parte da Câmara, da Junta, de Comissões ou sei lá quê isto de dizerem mesmo assim:

- “Eh pá, a gente vai apostar é numa coisa: têm direito a vir para cá os que são de cá!”

Embora muitos não sejam do Piódão, os que têm sangue da aldeia ou sejam filhos dos que lá nasceram, se têm opção, muitos deles até eram capaz de vir. Só que depois é a tal situação que é assim: há uma diferença grande logo na maneira de estar ou vir de um lado para o outro. Se um tipo está ambientado a um sítio 20 e tal anos, talvez não encare isto tudo muito bem, ou pensa que encara e depois não. Eu sei que é em todo o lado, mas devia de haver também uns trabalhos, assim uma coisa que fosse certa.