Actividades e ofícios do Piódão

Geralmente havia, no Piódão, um alfaiate e um sapateiro. Um canastreiro, como seja os que hoje vendem aí esses cestinhos e cestas, havia quase em todas as aldeias e ainda hoje existem um ou dois talvez. Era também o matador de animais, porque eram pessoas próprias que matavam. Por exemplo, o meu pai matava porcos e cabras. Eu, se for preciso matar um porco, também mato. Não estou bem certo onde é que é. Agora uma cabra, uma ovelha, ou um coelho, mato. Depois, estas estradas todas era o pessoal de cá que fazia. Hoje vêm empreiteiros e não sei quantos de todo o lado fazer. Mas antigamente havia equipas, fosse de pedreiros, fosse de carpinteiros... Para fazer uma casa não era preciso vir cá o técnico ou o desenhador de Arganil. Não, eles próprios, com a experiência que já iam tendo dos anos, formaram as povoações.

No Tojo, quando nasceu o meu pai, o meu avô já tinha cento e tal animais. Mas havia outros que tinham mais. Já dava para ter até um empregado, um rapazito pequeno que talvez tivesse mais dificuldades na vida e, pronto, tinham-no ali. Mas também havia muito trabalho na aldeia. O pessoal conseguia trabalhar a serrar pinheiros. Agora é com uma motosserra mas, na altura, era um de um lado e outro do outro lado com uma ponta do serrote. Depois outros metiam o cavalete. As tábuas que se gastavam faziam-nas eles no Piódão.

Mas isso é em todo o lado praticamente, umas mais num sítio, outras mais noutro, porque depende dos recursos que as zonas têm. Embora dependessem da comunidade, as pessoas tinham que se preparar mesmo. Agora, na década de 1960, foi quando desapareceu mesmo tudo. E em todo o lado, não foi só aqui. Porque acabaram os rebanhos. Tinham animais, mas eram só dez, 18 talvez, para consumir, porque não tinham expansão para os criar. E a extracção do carvão, que foi talvez a primeira coisa que deu ânimo a todas estas povoações, também já não havia, era a resina.