“Gosto de ser neutro sempre”

Hoje não estou a ver que as pessoas do Piódão sejam serranas puras, nem que isto seja uma comunidade como em princípio era. Hoje lá está a tal coisa talvez porque as reformas viessem, começaram a olhar para aquele e a haver já mais desconfiança. Mas isso é como em todo o lado. É o seguimento da vida. Há sempre diferenças entre pessoas, uma porque é melhor, outra porque é mais compreensiva, outra porque é mais má, outra porque não quer saber. Isso é em todo o lado. Uma pessoa tem de estar bem com todos.

Só não encaro na maneira de ser das pessoas uma coisa talvez nociva: é a onda, ou seja, o ajuntamento! Quer dizer que pelo que um diz há seguimento. As vozes levantam-se: “Vamos todos!” É uma coisa sempre perigosa e má em qualquer lado, seja onde for. Mas então nestes meios é sempre pior. Não digo que andam aí grupos que se formam para combater. Mas há palavras: às vezes, porque o outro é sempre mau, porque o outro é bom... E depois forma-se então aquele bolo. Aqui há só duas famílias e um tipo ou tem que estar contra as duas ou tem que entrar numa para sempre. Não digo que seja do Piódão, deve ser em todo o lado. Mas eu gosto de ser neutro sempre. Gosto de andar sempre sozinho.