Depois de casado, ainda estive três anos ao pé do meu pai no lagar, de lenheiro. Era o ajudante. Dava a massa, botava a azeitona e ajudava a fazer a fogueira para aquecer a água na caldeira. Quando era na caldeação, tinha de ter a água a ferver, para destilar melhor o azeite. O aziabre ia para um lado e o azeite ia para o outro. Aquilo era tudo separado.
O azeite era dos clientes. O lagar só tinha direito a tirar a maquia. Primeiro era a cada 16, 1. Mais tarde passou para 14, 1. Eram 14 litros para o cliente e 1 para o lagar. Para ajudar a pagar as contribuições. Uma pessoa não estava lá de graça. Tinha que recompensar alguma coisa. Mas dava, graças a Deus. O azeite era bom e as pessoas ficavam contentes. Iam buscar a azeitona e ali tinham que a levar nuns sacozitos de 70 e tal quilos, quase 100, às costas. E o caminho não era assim muito bom. Custava um bocado. Com a era moderna, começaram a levá-la a outros lagares e nós fôramos na mesma corrente. Desinteressáramos. Déramos baixa do lagar e cada um continuou a sua vida.