Houve uma inscrição e uma pessoa amiga disse-me:
- “Olha, vão abrir vagas para carteiros. É na estação de Côja.”
Eu concorri. Fiz o pedido ao chefe e preenchêramos lá um papelinho para mandar para Coimbra e para a Direcção em Lisboa. Depois fui chamado. Tive uma inspecção rigorosa. Mais rigorosa que para o serviço militar. Para ver se a gente era quebrado, quantos dentes nos faltavam e tudo. Eram dois médicos. A gente teve que se pôr também em nu para ver. Às vezes, iam pessoas quebradas, que depois diziam:
- “Foi nos CTT!”
E não! Já tinham achaques. Nem todos eram aceites. Teve de ser um atestado do delegado de saúde, conforme não tínhamos tido doenças, que éramos saudáveis e tudo. Foi uma inspecção muito rigorosa. E de três em três anos tínhamos que ir à revista lá. A um centro hospitalar em Coimbra, ao pé da Escola Brotero. Tínhamos que ir tirar a micro ao BCG, para ver se trabalhava bem. Tínhamos que fazer as análises. Depois íamos a um especialista. Mandava-nos assoprar ao balão, como é agora, para ver se a gente por lá anda carregada de álcool ou se não. Faziam diversas perguntas. Vão mexendo aqui, mexendo ali. Éramos revistos. E até era bem, que esse dia estávamos livres do correio e até nos pagavam as viagens para baixo e para cima. Tudo correu bem.
Depois, estagiei em Côja 15 dias. Dormia lá e tudo. Tinha de pagar lá a pensão. Mais tarde, fui chamado para a freguesia de Pomares.