“Não me arrependo de ter feito o bem”

Eu ia deitar as cabritas com os meus colegas e eles, coitados, diziam:

- “Ó, António, traz lá um bocado de broa...”

E eu então levava um naco de broa para cada um. E eles comiam lá. Ordenhavam o leitito das cabras para uma dessas tigelas onde punham a resina - daquelas mais limpas -, davam uma pinga de água e comiam. Levavam uma colher no bolso, pronto. Não me arrependo de ter feito o bem. Era assim que se usava primeiro. A gente podia. O meu pai ganhava alguma coisa. Os outros, coitaditos, não ganhavam nada. Só no carvãozito. Também dava pouco. Era assim a vida.