Depois, o senhor padre Ilídio convidou-me para o seminário na Figueira da Foz. E eu fui. Tinha aí uns 12, 13 anos. Fui viver para lá. O senhor padre Ilídio foi comigo. Foi-me lá levar. Lá, o relacionamento era bom. Era como se fôssemos irmãos. Havia muitos colegas aqui da zona: de Arganil, da Senhora das Preces, de Côja... A gente conhecia-se todos uns aos outros. Quando era pelo Carnaval, havia aqueles jogos entre o primeiro ano, o segundo ano, tudo. Como agora os campeonatos do país, assim era lá. O primeiro ano jogava com o quinto, o quinto jogava com o quarto... Assim tudo alternado. Os professores davam uma lembrança àqueles que ficavam em primeiro lugar.
Mas para estudar, tinham que estar todos concentrados. Não havia barulho. Tínhamos umas salas para aulas e outras salas para estudar. E tínhamos o refeitório em conjunto. Mas cada um estava no seu poiso. O quinto ano estava num lado, o quarto noutro, o terceiro e assim.
Muitos padres formaram-se no meu ano. O senhor bispo que está em Santarém era do meu ano. O prior que está em Oliveira do Hospital, António Borges Carvalho, também. É o senhor pároco de Côja, o Dr. António Dinis, de Espariz, Carragoselas. Pertence a Tábua, mas está em Côja. O Manuel de Jesus, que esteve por Ançã, lá naquelas freguesias nos arredores de Cantanhede. O Armindo Lopes Carolino até foi Presidente da Câmara de Pombal. Era advogado. No ano passado, veio aí um. Um assistente na Universidade de Coimbra, chamado Artur Fernandes. Também andou lá a estudar comigo. Eram vários. Outros, já nem sei. Quando se formaram já lá não andava. Já se tinham formado. Mas estes, sei eu.
Depois, vi que realmente a minha vocação não era aquela. Além disso, fiquei mal no último ano a Português. Tinha nota negativa. No ano a seguir, tinha que andar outra vez a estudar o ano anterior. Perdia outro ano! A estudar o atrasado e outro para a frente, mais dia, menos dia, tornava a perder. Para quê estar um ano de castigo? Se perdesse dois anos seguidos, tinha que estar um ano de castigo em casa. Saí. E não estou arrependido de ter saído.