“Lendas que os nossos antigos contam”

O João Brandão andava por aqui, também. Não era grande prenda! Esse era de uma - chamavam àquilo - seita, os Cacas. Tinha aqueles comparsas para vir fazer as “fusquetas”. Chegavam aí com os cavalos, abriam as portas das pessoas, toca a pôr os cavalos a comer o milho nas arcas. Era um roubo! Não havia regime. Quando vinham esses ladrões, tinha de fugir tudo. Aqui em frente, onde está o aldeamento da Comissão, havia uma sala dentro do próprio bocado, de onde espreitavam pelos buracos quando eles se iam embora. Lá tinham uma coisa secreta para entrarem e tapavam aquilo para ninguém saber. Estavam lá a espreitar e os outros não sabiam que estavam a ver o que andavam a fazer.

Diziam, antigamente, que vivia aí uma mulher que tinha uma neta muito bonita. E eles andavam a ver se cachimbavam a neta. E então ela esteve a entretê-los:

- “Os senhores haviam de gostar de comer isto e aquilo...”

Ia buscar as coisinhas para dar tempo que a neta fugisse. Quando os gajos viram que estava com aquela ladainha toda, a neta nunca mais apareceu. Uns diziam que eles queriam-na matar, outros que chegaram a matar. Mas a neta bem se safou. Lá sabia para onde se havia de ir esconder. Eles queriam desonrá-la. Seria verdade? São lendas que os nossos antigos contam.