Fazíamos o nosso pão, antigamente. Havia aí vários fornos. Ajuntavam-se as mulheres de duas e três casas e coziam. Para ser mais favorável a fornecer a lenha para aquecer os fornos. Depois punham-lhe um sinal. Uma punha-lhe um buraco, outro punha-lhe um belisco, outra, dois beliscos para se conhecer de quem eram as broas. Depois, batiam por baixo. Tinham lá um método de bater para ver se já estava cozido ou não. Se estivessem pesadas, ainda estavam encruadas. Tinham que ir outra vez para dentro do forno. Tinham que estar levezinhas. Elas conheciam pelo bater. Uns até lhe botavam mistura de centeio ou trigo para ficar mais lisinho. Aqueles que não botassem nada, quebrava mais. Ainda os do padeiro quebram. Mas se levassem mistura ficavam mais lisinhas. O que é, tinham de ser comidas mais rápido. Quando se punha centeio, torna-se mais húmido e podia tomar bolor.
Mas nos fornos era muito melhor. Com aquele calor, é muito melhor. É outra temperatura. Até o pão das padarias que cozem o pão a lenha é diferente das que usam electricidade. Fica mais tostadinho e saboroso. Nós temos aí dois padeiros: um é dali de Galizes; o outro é de Alvôco da Serra. Eu gosto mais do de Alvôco da Serra, porque é a lenha. Tem um sabor diferente. O outro fica mais esbranquiçado e parece que não sabe tão bem. Parece uma espécie de borracha e o outro fica ali cozidinho que é uma categoria.