No Natal costumava-se fazer a fogueira. Ainda este ano fizeram. Pegavam em cepos de pinheiro e de castanheiro e fazia-se aí uma fogueira valente, toda a noite. Depois, aqueciam lá café, outros bebiam aguardente e outros faziam uma tiborna - como usam nos lagares - com couves brancas, bacalhau e batatas. Punham-lhe couves, cortavam-lhe batata e bacalhau. E não era bom? Regadas com uma pinga boa de azeite e com um garrafão de vinho... Então não ia bem à noite? Quando um estava na cama, estavam outros aí nas patuscadas. Era assim a vida.
Nos Reis, não faziam festa. Só andava a garotada pelas portas:
- “Dê-me os Reis! Dê-me os Reis!”
Uns davam uns rebuçados, outros davam castanhas, outros, coitados, uma chouriça para eles irem comer na brincadeira. Não era mal nenhum. Vinham pedir. Dava quem queria. Não eram obrigados a dar.
Nas Janeiras, também faziam festa. Davam a volta à povoação. Era dia de Janeiras e dia de Reis. Também davam o Menino Jesus a beijar na igreja. Agora, costumam dar dinheiro, mas nessa altura levavam laranjas ou maçãs para dar de oferta ao padre. Agora, aquele dinheiro que lá deitam reverte a favor do cofre da igreja, porque o padre tem o ordenado dele ao fim do mês. Também parecia mal o padre andar na miséria, mal vestido e tudo. Era uma vergonha para a povoação.