“A festa foi em casa dela”

O casamento foi aqui no Piódão, na igreja. Eu devo ter ido como os outros. Uma gravata e uma roupa nova. A minha mulher não foi de fato branquinho como agora. Não se usava, nessa altura. Levava também fato novo, mas levava uns cachenés. Outras iam em cabelo. Eram conforme queriam. Não era obrigado. Agora é isto, aquilo, o raminho da noiva... Nessa altura não se usava nada disso. Era a prata da casa. Nem havia dinheiro para comprar essas coisas.

A festa foi em casa dela. Em casa da noiva é que se fazia. As pessoas da família, tanto do meu lado, como do lado dela, ajudaram. Matava-se uma cabra ou duas. Era preciso andar no forno, aquecê-lo para pôr as carnes a assar nos tachos e nas caçoulas de barro. Era diferente de agora. Mas a carne tinha outro sabor. Também faziam a “bolaricada”: bolos, arroz-doce e essa coisa toda. Era um dia farto à mesma. Não faltava nada. Mas não usavam lá essas coisas como agora usam. Pudins e essa doçaria... Era pães leves - como a gente chamava - bolos de pão-de-ló, arroz-doce, coscoréis... Tudo nos fornos. Tínhamos ali um forno da família. Dava muito trabalho.