A minha casa de infância não era das de mais somenos. Era rebocada. Mas não era com o luxo como agora. Embora não tivéssemos lá grandes luxos, sempre tivéramos uma caminha jeitosa para dormir. Eu dormia com o meu irmão. Depois, ele casou-se e eu fiquei a dormir sozinho. A minha irmã tinha o quarto dela e os meus pais também. Não tinha casa de banho. Tínhamos um sítio fora de casa onde a gente podia ir fazer as necessidades. Era o que se podia arranjar. Tinha dois bocados ao pé, que também eram nossos.
Ainda lá está, no fundo da povoação. Tem uma parte caída que era a cozinha. A parte que está arranjada é minha. Mandei eu arranjar. Agora está diferente. Tem casa de banho, cozinha, dois quartos e uma sala. Está mobilada e tudo. A parte que está caída é da minha sobrinha que está no Canadá. E por baixo é da minha irmã.
A porta, primeiro, não era azul. Azul é agora. Até tem umas vidraças. É desse alumínio que agora fazem. Antes não era bem deste feitio. Tinha umas ripas e depois cada ripa tinha sua cor. Era diferente. Agora é que usam assim mais o azul. Dizem que é mais bonito. É tradição, mas não é obrigatório! Tenho aqui uma casita em baixo em que a porta é castanha.