“Sempre no Piódão”

Fiquei sempre no Piódão a trabalhar no campo. Lembro-me, ainda era pequena, daquelas senhoras que levavam carregos para a Mata da Margaraça, mas isso já não é do meu tempo e para aí nunca fui. Também não fui para Lisboa, mas o meu irmão António foi. Como não havia onde se empregarem, a minha mãe pediu a um senhor da aldeia e ele levou-o para Lisboa. O meu irmão trabalhou com esse senhor e lá esteve até se casar. Mas lembro-me que ele era tão pequenino quando foi embora. Era pequeno e andava aí nas estradas e nas florestas com um barril de água às costas. O mais novo, o José, esse ficou sempre no Piódão.