“Tenho sempre o tempo ocupado”

Agora para aqui é que eu gosto de fazer alguma coisa, aquilo que é produz pouco. O que produzo é para os ratos e para os pássaros praticamente, mas é o que gosto. Há a pêra, há a maçã... Depois há o pêro que é assim um bocadinho mais duro, o que é, é muito alto, eu havia de mondar. Produzo pouco, mas gosto de ter. Já tive umas cabritas e assim, quando andei melhor. Agora tive que acabar com elas porque já sabe a saúde é pouca e como é pouca se me vou a maçar, a afligir muito, pioro.

Levanto-me cedo. Eu levanto-me aí logo que rompe a manhã. Ainda mal se vê a manhã romper e já eu estou levantado. E à noite também me gosto de deitar cedo. Depois do terço vou a casa como qualquer coisa. Ao almoço estou na Moura a comer, que dantes ia à Mourísia. Como bem. À noite já como uma refeição mais leve e vou-me deitar. O que é às vezes às duas horas, sou capaz de se acordar, já durmo sonos aí só de um quarto de hora ou meia hora. Eu de manhã quando acordo vou tratar. Tinha um curral cheio de coelhos morreram-me todos. Foi pena! Tenho umas galinhazitas ali à eira. Vou tratar das galinhas e tratar dos coelhos. Quando há a rega, vou regar os bocaditos. Tratar a horta. Vou buscar lenha, que gosto sempre de ter lenha, porque não posso pegar em carregos grandes. Dizem até para não pegarem em nenhum, mas eu gosto sempre de ter um stock de lenha porque depois vêm as chuvas e agora está leve. Vou arrancar ervas. Tenho o tempo sempre ocupado! Os dias não me custam a passar.

Depois quando é ao domingo levanto-me de manhã, faço a barba, tomo o banho. Vou para a igreja, preparo as leituras, convido alguém para ir ler, se não vão, vou eu.