Eu com 7 anos fui servir para o Pisão de Côja. Estive lá quase três anos. De maneira que depois fui crescendo um bocadinho e fui servir novamente. Fui estar no Porto da Balsa a servir, guardar umas cabras, deviam ser à volta de 50 cabras. Estive lá um ano a servir. Davam-nos comer vestir e calçar e dinheiro.
- “Ouve lá, queres, gostas de cá estar?”
- Gosto.
- “Queres cá ficar, fica.”
A partir daí já tinha que ficar o ano senão, se eu viesse para casa, ele dava-me uma tareia e fazia-me ir para lá. Não me obrigava mas era assim. Na altura não sei o meu pai é que ajustou. Mas eu fiquei chateado costumavam dar, chamamos uma chibarra, aquelas cabras ainda novas, uma chibinha assim que nos davam também quando era no fim do ano. Quando era no ajuste davam uma cabrinha pequena, por exemplo. Como na altura eu não estava quando fizeram o ajuste... E depois perguntei:
- Então ajustaram também ser uma chiba?
- “Ai não, o teu pai não me falou.”
E eu andei já mais um bocado de má vontade. Já me confessei a ele próprio, já lhe disse, ele ainda é vivo, que era o Ti Mário eu disse:
- Ó Ti Mário eu depois procedi mal, não me interessava a pastar as cabras como deve ser porque fiquei contrariado e estou arrependido disso mas olhe peço desculpa.
Eu devia zelar mais por elas, não zelei tanto como devia ser. Estive lá um ano e três dias, só cá vim uma vez pela Páscoa. Não tínhamos domingos, não tínhamos dias santos, não tínhamos nada. Pronto, lá estive e depois no fim do ano vim.