“Patuscadas”

No Natal, havia os presépios. Sempre se fez o presépio. A fogueira do Natal, a grande fogueira do Natal. E às vezes nas fogueiras juntávamos uns tantos e fazíamos lá patuscadas.

Havia uma ocasião, que eu me lembro, era em baixo, não havia o largo, porque só se fez quando veio a estrada. Antes aquilo ali era um chão de milho. Ainda me lembro, fomos à mãe da Liberta pedir-lhe uma panela grande que era onde ela cozinhava o comer para os porcos, cozinhava nabos. Fôramos pedir a panela. Os rapazes uns foram buscar umas batatas, outros fôramos buscar um bacalhau, outros foram buscar uma saca de couve branca que havia aqui assim. Depois outro foi buscar azeite. Outras vezes iam buscar umas chouriças e assava-se ou assim. Fazia-se assim patuscadas. Dantes a rapaziada era assim. Um ia buscar umas batatas, outro ia buscar uma chouriça, outro um bocado de carne e ali fazíamos. Porque as noites eram grandes, quando era Inverno, aí às cinco horas anoitece. As pessoas comiam à noite e depois estavam até às dez, 11 horas e faziam assim patuscadas. Era assim.

Outra tradição era a quarta-feira de comadres e a quinta-feira de compadres. Os compadres eram muito amigos, juntavam-se esse dia e iam comer um petisco a casa uns dos outros.

A minha mãe usava sempre as couves para a sopa. Às vezes migava para uma gamela, uma gamelazinha pequenina de madeira. Ali é que migava as couves porque era uma panela grande para dar sopa para todos. Cozia-se feijão. Às vezes, tirava-se uma bacia de feijão e comia-se. Até se punha um dente de alho, um bocado de azeite e assim e elas:

- “Hoje é só um bocadinho de carne.”

E depois fazia-se a sopa. Era assim um almoço. Era um almoço bom. Comia-se muita hortaliça e esta hortaliça, esta couve-galega é saudável, é muito saudável. É mais saudável que é, por exemplo, o coração de boi ou assim.