Aqui do Piódão há diversos santos. Há o São Pedro que é o dia 29 de Junho a festa. Desde sempre se fez. Havia os bailaricos e assim. Havia sempre festa. Punham uma procissão, depois um leilão, depois uma procissão e a romaria.
A do Vale de Maceira era uma das maiores romarias destas beiras. Vinham da Beira Baixa que ainda não haviam estradas como agora há e vinham daqueles lados, do Paúl. Até do Fundão vinham pessoas para aqui para a Senhora das Preces. Antes até vinha a filarmónica e vinham músicas. A filarmónica chegou a cá vir de Casegas que é ainda é para lá de Sobral de Casegas. Já é bastante longe, ali já perto da Covilhã. Juntavam-se e depois, quer dizer, faziam uma festa.
Só se comia um bocado de carne fresca quando era pelas festas. Matava-se sempre. As pessoas que tinham, nas vésperas vinham aí chamavam os compradores, os negociantes de gado. Vinham da Vide, outros do Sobral Magro e estavam a matar cabras. Um tinha um carneiro, guardava para matar esse dia, um chibo, uma cabra. E toda a gente matava. Geralmente tudo matava uma rês, porque o resto vendiam e era venda barata. Mas guardavam sempre um para matar nessa altura.
Faziam um arroz-doce, até havia umas caldeiras para o arroz-doce. Faziam os coscoréis, as filhoses e o bolo do forno. Aqueles bolos como aqui o Ti António da Malhada traz e era como se cá faziam. Juntavam-se as famílias e até de outras terras. As pessoas tinham compadres, tinham pessoas amigas, convidavam-nos a vir. Agora já se faz assim mais à passageiro, mas antes as pessoas eram até capazes de passar mal durante o ano, mas esse dia faziam para que nada faltasse.