Agora passo assim os meus dias: de manhã levanto-me, trato do pequeno-almoço, da casa, da roupa e depois vou almoçar ao Centro de Dia. Já há dez anos que lá vou comer. Foi quando ele abriu. Faz agora 11 anos. E depois gosto de estar a fazer uns panitos, umas coisas. Gosto de estar entretida. Faço renda, sempre fiz. Não aprendi a fazer com ninguém. Comecei eu a fazer. A minha mãe, que Deus tem, não fazia. Diz que nunca aprendeu, que nunca lhe deram tempo. Mas nem era bem o tempo. Era a ideia.
- “Olha, tu sais à tua avó do Soito da Ruiva.”
Que era a mãe dela. Dizia que a mãe dela, que se lembra ela quando era pequenina, que ia para o mato, para a fazenda, para o trabalho, que deitava o podão e a corda à cabeça, num capuz e que ia a fazer pelo caminho. Eu estou-me a lembrar da minha mãe ainda ter umas renditas numas almofaditas. Mas era umas almofadinhas pequeninas que se usava naquele tempo. Já acabou tudo. Mas era coisas que a minha avó fazia . Eu já fiz várias toalhas. Para mim e para minha filha. À noite vou ao terço, passar um bocadinho, venho para casa, vejo as novelas, vou para a cama e pronto.