“Nunca houve médico na aldeia”

Nunca houve um médico na aldeia. Eu lembra-me quando era mais novita, a gente precisava do médico. A minha mãe dizia que uma vez que estive doente, quando era pequenita, que me levaram numa cesta, à cabeça, para ir a Vide, ao médico. Depois na Vide não calhou de estar o médico. Mandaram-me para Avô. Outra vez a pé. A pé do Piódão para a Vide e da Vide para Avô, para ir ao médico. Depois de Avô para aqui outra vez a pé. Eu não me lembro mas ela contava isso muita vez. E os outros era a mesma coisa. Depois quando era preciso qualquer coisa iam chamar o médico a Avô, que era o que vinha cá, o senhor doutor Vasco. Iam daqui com um macho para o irem buscar, para vir ao Piódão e depois tinham que o lá ir levar outra vez. Mas estava sempre pronto para vir. Fosse de dia, fosse de noite. E depois quando fizeram aqui o posto médico começou a vir de oito em oito dias. Agora vem de 15 dias, três semanas, um mês. É conforme podem mandá-lo.