“Fiz bonecas de trapos”

Quando era pequena costumava brincar com as miúdas na rua. Havia muita malta, nessa altura. Brincávamos a correr atrás umas das outras. Fazia umas bonecas de trapos, que não havia bonecas das outras. A minha mãe também as fazia, para a gente brincar. Era uma bonequita de um trapo qualquer. É quase como as que agora vendem. Que agora até gosto tanto daquilo. Andavam as mais velhas com os mais novos às costas e era assim. Lá íamos para o pé da igreja, que era onde a gente brincava mais. E era a brincadeira que a gente tinha. Não havia outros divertimentos.

Íamos brincar todos, aos domingos, e íamos apanhar azeitona da igreja. Havia muita azeitona. No tempo da azeitona a gente, às vezes, é que nem ía assim com muita vontade. Mas os pais mandavam e era para a igreja. Tinha muito azeite. Agora não tem nada. Ardeu tudo. Nem igreja, nem ninguém. Mas todos os domingos a malta toda é que ia ajudar. Cá servia de distracção também.