A doutrina

Fiz a Primeira Comunhão e fiz a Comunhão Solene. Depois ainda a renovei outra vez. Foi aqui no Piódão. Era uma senhora que nos ensinava, ali numas casitas dela. Ensinava-nos a doutrina e depois íamos, diziam que era examinar. Os padres iam ver se a gente sabia ou não. Se a gente soubesse a gente ia, se a gente não soubesse tinha que ficar para outro ano. Eu graças a Deus fiz sempre. Passei sempre bem, foi logo à primeira vez.

Nós tínhamos de saber a doutrina toda, decorá-la na cabeça. Até do catecismo e tudo. Eram os Mandamentos da Lei de Deus, as coisas espirituais, as Bem-Aventuranças, o Acto de Contrição, os Novíssimos do homem, essas coisas assim. Estas orações a gente tinha de dizer tudo.

À missa vou sempre. É ao domingo. Só algum dia que estiver doente é que não vou.

A minha mãe ensinou-me uma oração antiga:

“Nesta cama me deito, com intenção de me levantar
Um anjo me veio anunciar que havia de morrer
Ainda não hei-de morrer que ainda não estou preparada para dar contas ao Senhor
Quando se consagra a hóstia está o cálice num altar, se perguntarem quem é, diz que é o menino Jesus que está com os braços abertos pregados numa cruz
Com três pregos está pregado, com três filhos está curvado
Quem esta oração disser um ano com devoção, terá tanto de perdão como o mar tem de areias e o céu de estrelas.”