“Quando os alunos não andavam a direito, castigavam-nos!”

Fui para a escola aos 7 anos. A escola era onde está a garagem ao pé da igreja do padre. Ao lado da escadaria é que foi os restos da escola antiga. Foi naquela escola que eu fui assentar praça! A primeira vez que eu fui para a escola! Depois alugaram uma casa adiante e, em 1940, é que fizeram a escola em cima.

Mas, naquele tempo, não havia professoras. Vinham estar dois, três meses e iam embora. Tinham que vir a pé 14 quilómetros e mais para chegar à aldeia. Estavam cá isoladas e não tinham comodidades como elas queriam. Portanto, não queriam cá estar. Lá ficava a gente sem escola. E assim andei. Fiz a primeira e a segunda classe. Depois de fazer a segunda classe, não havia professora. Ainda fui andar no Chãs d'Égua para fazer a terceira. Fui para lá em Dezembro. Mas, quando foi pela Páscoa, a professora foi-se embora. Já não consegui fazer a terceira classe.

As professoras não eram más. Só faziam a obrigação delas. Quando os alunos não andavam a direito, castigavam-nos! Os pais diziam-lhe:

- “Quando eles as merecerem, a senhora professora não esteja com bases de lhe arrear!”

Às vezes com umas reguadas nas mãos ou com castigo, elas punham-nos mesmo a direito e eles obedeciam! Houve uma professora, já com os meus filhos, não foi comigo, que trazia 62 alunos da primeira à quarta classe. Ora, se ela não lhes castigasse, se eles fossem como agora que fazem o que querem e lhes apetece, como é que ela dava conta dos alunos? Como é que ela trazia aquilo!? Ela não era capaz de os ensinar, porque eles não obedeciam. E assim não. Para onde ela dissesse, eles tinham que ir.