“Fui resineiro”

Eu fui resineiro. Ocupava-me da resina. Dava bem que fazer! A gente começava a desencarrascar em Fevereiro. Cortávamos com uma machada própria, bem afiada, a casca grossa do pinheiro. Deixávamos-lhe só um bocadinho de casca fina, de maneira que não sangrasse, para não nos impedir muito quando a gente ia renovar o pinheiro. Era só aquela parte da ferida. Desencarrascávamos, metíamos bicas e começávamos as renovas. A bica era um bocadinho de folha de zinco, cortada à medida, espetada no pinheiro, para aparar a resina para o púcaro. Renovar é tirar um bocadinho de madeira na ferida para o pinheiro sangrar. No Inverno, era de 15 em 15 dias. Quando fosse no Verão - Agosto, Julho - ia mais quente, passava a renovar os pinheiros de oito em oito. Depois, arrancávamos outra vez as bicas e queimávamo-las, que elas estavam cheias de resina. Tornávamos a endireitá-las com um maço de madeira, para pôr no outro ano a seguir. A gente apanhava a resina assim.