“Íamos puras”

O casamento foi o normal. O meu marido ia de calça de fantasia e casaco preto. Eu ia com um vestido até aos pés e com um raminho normal. O vestido e os sapatos eram brancos. Tudo branco. E o raminho da laranjeira, que se usava naquele tempo. Significava que a gente íamos puras. Os mais novos já não sabem isso. Infelizmente. Ou felizmente, não sei. Foi aqui na igreja. O copo-d'água também. Foi tudo cá na Benfeita. Tinha muitos convidados, não sei já quantos foram, mas tinha. A família e as pessoas amigas de parte a parte. A festa era os costumes. Era cabrito assado, era o arroz da fressura, era canja, era sopa... Os doces era arroz-doce, leite-creme e tapioca. Era assim estes doces. Lá nos casámos e fomos felizes, graças a Deus. Muito felizes. Era um marido muito bom, muito bom.