“Festa rija”

O santo padroeiro é São Pedro. Mas a igreja é da Senhora da Conceição.

No meu tempo, faziam festa no dia da Senhora da Conceição. Era uma festa religiosa lá na igreja. Davam muito valor às Primeiras Comunhões. Preparavam as crianças para a Primeira Comunhão, Comunhão Solene e essas festas. Também se fazia a festa a São Sebastião, no mesmo género.

A festa oficial, a festa em que vinham bandas e essas coisas todas, era o Sagrado Coração de Jesus. Nós temos uma associação do Sagrado Coração de Jesus. Uma irmandade. Agora ninguém já liga. Ainda se pagam as quotas, mas é só simbólico. Naquele tempo, era uma quota avultada. Faziam a tal festa rija. Três dias, pelo menos. Nessa altura, toda gente preparava uma roupa nova, preparavam-se as ruas, punham arcos desde a igreja ao cemitério. Era preciso vir uma mão-cheia boa de fogo. Deitava-se muito fogo. Festa sem fogo não prestava. Vinha então a banda. Naquele tempo, não havia conjuntos. Havia os conjuntos cá das aldeias que depois se juntavam para fazer a parte recreativa. Faziam a festa lá na igreja e depois a procissão. A procissão é que era bonita! Levavam os andores todos da igreja. Uns 13 ou 14 santos. Iam todos, cada um com o seu andor enfeitado para a procissão. Era assim a festa. Nas vésperas, dois ou três dias antes, começava tudo a matar cabras e ovelhas para terem carne com fartura. Faziam arroz-doce, faziam aquelas coisas todas que sabiam, as tigeladas e aquilo tudo. Era comer com fartura. Iam tratando o gado e estava tudo disponível para a festa. Depois, havia os bailaricos para as pessoas de cá. O meu sogro também era guitarrista. Tinha uma guitarra e tocava mais uns tantos que havia aí. Outros cantavam. Faziam as “tocadeiras” deles, para divertir a malta.