“Pouca gente não pode fazer muito”

Os padroeiros é o São Pedro, lá em cima na capela, e na igreja é a Senhora da Conceição. Já ninguém sabe quando a igreja foi construída a primeira vez. Já há tanto, tanto ano. Até já foi arranjada, mais que uma vez.

A procissão é sempre em Agosto, no dia 15 ou 16. Eram os mordomos e o padre que resolviam as coisas. Porque havia muita gente e agora não há ninguém. Naquele tempo, havia muita gente, era melhor. Ia a cruzada, que agora já não fazem isso. Os fatos eram todos iguais e íamos uma carreira de baixo e outra de cima. Ia tudo. Nesse tempo, havia muitas senhoras das fogaças. Depois, as fogaças, botavam-nas a lanço e as pessoas lançavam. O dinheiro era para a igreja. Todos juntos, era uma festa bonita. Agora já não é nada como era. É menos gente. Pouca gente não pode fazer muito. Ainda mandaram vir conjuntos para aí, quando foi o dia 15. Fizeram lá um palco, ao pé da igreja, e lá é que fizeram a festa. Antigamente, era a música a tocar na procissão. Era muito bonita. Vinham, às vezes, de lá atrás das serras, de longe, se calhar a pé. Chamam Casegas, São Jorge. Vinham dessas terras daqui, de um lado e de outro. Quando chovia muito, às vezes, não podiam ir embora. Quando não havia transportes tinham que vir a pé. Eu nunca fui grande dançarina. Ouvíamos e víamos a procissão, íamos à igreja, à missa e pronto.

Quando era pelas Janeiras os miúdos iam pedir as Janeiras pelas casas. Agora ainda há quem faça.