Parar, rezar e andar

O cemitério era aqui em Monte Frio. Primeiro era para a Benfeita. Mas depois fizeram um em Monte Frio. Agora há muitos anos que já há o cemitério de Monte Frio. Os mortos vão de carro, mas antigamente era à mão. Eram quatro homens. Quando não havia homens eram mulheres. Pegava uma de um lado, outra do outro, outra à frente de um lado, outra do outro. Eram quatro pessoas sempre, para levar lá para o cemitério. Para a Benfeita ainda era pior, era mais longe. Também era à mão. Aquilo ainda é bastante tempo porque, volta e meia, tinham que poisar, porque os cadáveres eram pesados também. Mesmo que fossem leves ainda é muito longe. Paravam naqueles sítios certos, rezávamos e depois tornavam. Lá noutro sítio mais abaixo, tornavam a poisar e tornava-se a rezar. Era assim. Agora já vai tudo de funerária. Era por um caminho que aqui há “pia baixo” que agora está tudo cheio de silvas. Passava só ao fundo dos Pardieiros, para baixo. Demorávamos duas, três horas, mais ou menos.